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João Barroso Viana, esquecido, até quando?

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Os entreveros, xingamentos e ofensas entre técnicos, jogadores e torcedores arquirrivais antecediam o clássico de domingo. De um lado, o João Barroso Viana, técnico do Esporte Clube Vila Nova, passava a semana quase a pão e água, o rosto afogueado e têmporas latejantes, pronto para explodir com o primeiro gaiato que ousasse chamar a sua equipe de pipoqueira.

O time, com o tradicional uniforme listrado de vermelho e branco, era formado pelos melhores atletas da região e até de Porto Velho. Fundado em 1972, o Esporte Clube Vila Nova foi durante mais de uma década a equipe mais vitoriosa do distrito de Vila Nova.
Em 1975, o enfermeiro e um apaixonado por futebol, Antônio Luiz de Macedo cria a Departamento Autônomo de Futebol do distrito de Vila Nova, uma espécie de Confederação Vilanovence de Futebol, onde foram filiadas várias equipes. Neste mesmo ano, Antônio Luiz de Macedo funda o Grêmio Esporte Clube, o arquirrival do time do João Barroso.
Quando estas duas equipes se encontravam nos gramados do improvisado estádio de futebol no centro do distrito, onde hoje localiza-se a Escola Estadual Professora Doralice Sales Cavalcante, saiam lascas, palavrões impublicáveis, e empurra-empurra entre técnicos, jogadores e torcedores, que continuavam durante dias após o confronto.
O estádio foi idealizado e construído pelo próprio João Barroso, há poucos metros de sua residência, também usada como concentração oficial de seus obedientes e preparadíssimos jogadores.
Todos os gastos da equipe eram patrocinados pelo próprio João Barroso, desde os impecáveis uniformes, as sempre reluzentes chuteiras, medicamentos, viagens, estadias, alimentação e qualquer outro gasto que por ventura o atleta necessitasse, era da alçada do técnico e proprietário do time.
João Barroso cuidava do bem estar dos seus atletas, como um pai diligentemente cuida dos filhos. Não havia insubordinação nem desobediência, os atletas seguiam à risca todas as normas, determinações e estratégias pensadas e elaboradas pelo técnico, antes, durante e depois dos jogos.
Dentro de campo, cada atleta se comportava exatamente da maneira como o João Barroso determinava durante os treinamentos e preleções. A equipe jogava entrosada, organizada e aguerrida, sabendo que cada jogo seria uma quase sangrenta batalha campal.
João Barroso não admitia derrotas, era questão de honra vencer ou vencer, de preferência com placar elástico para humilhar o técnico, jogadores e torcida dos adversários.
No fundo de sua residência, mandou construir um barracão, local de apoio e concentração da equipe. Na noite que antecedia o clássico, todos os atletas dormiam neste barracão, inclusive os casados, sem exceção, para evitar que alguns se perdessem em noitadas ou outros descaminhos.
Nesta noite, o próprio João Barroso preparava uma suculenta macarronada para nutrir substancialmente seus atletas. Embaixo das redes de cada um, João Barroso colocava um pacote com o uniforme devidamente engomado e as chuteiras impecavelmente engraxadas, para o clássico do dia seguinte.
Todos dormiam cedo, sem barulho e sem conversas, João Barroso, fechava a porta do barracão e guardava a chave, para abri-la no outro dia pela manhã, quando um reforçado café era servido a base de ovos cozidos, cuscuz, bolo de macaxeira e outras guloseimas preparadas enquanto os atletas dormiam.
Depois almoçavam e continuavam no recinto até o momento de seguirem para o estádio, impecáveis, descansados e afinados com as estratégias e táticas bem elaboradas pelo impaciente João Barroso para ganhar mais um jogo, de preferência humilhando o adversário, e quando o derrotado era o Grêmio Esporte Clube, João Barroso dormia feliz durante dias.
Depois de nove administrações municipais, somente este ano é que um prefeito teve a iniciativa de pela primeira vez homenagear o João Barroso Viana, criando através da Secretaria Municipal de Esporte, Turismo, Evento e Cultura a Escola de Futebol João Barroso para crianças e adolescentes de 07 a 17 anos.
É pouco, muito pouco diante da importância e do legado do João Barroso. O Estádio Municipal de Futebol construído em 1990 não foi batizado com o seu nome, nem uma das oito quadras poliesportivas cobertas construídas no município leva o seu nome.
Um homem visionário que mereceria com todas as honras ter um busto de mármore na entrada do Estádio Municipal João Francisco Clímaco, ou em praça pública. “João Barroso Viana foi mais que um atleta, foi um empreendedor do futebol no Berço do Madeira”.
O campeonato municipal de futebol que agrega equipes da área urbana e zona rural, deveria ser assim denominado: “Campeonato Municipal de Futebol João Barroso Viana”. Esta figura ilustre que eternizou a importância não só do futebol, mas do esporte como promoção e formação da cidadania no Berço do Madeira, foi o nosso Zagallo, nosso Pelé e o nosso Telê Santana.
João Barroso Viana, nasceu no dia 13 de dezembro de 1929, em Paraipaba, Estado do Ceará. Migrou para a Colônia Agrícola do IATA, município de Guajará-Mirim em 1956 e para Vila Nova em 1968. Faleceu no dia 04 de fevereiro de 2017.
Toda vez que uma criança chuta uma bola no Berço do Madeira, está, mesmo sem saber, sendo observada atentamente pelo olhar clínico do João Barroso: “esse menino tem talento, esse menino tem futuro”.

Simon O. dos Santos – Cronista.

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PREFEITURA EM AÇÃO: Antes fechado pelo mato, ramal é reaberto e trecho patrolado

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Cumprindo uma determinação da prefeita Mary Granemann, a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (SEMOSP), realizou mais uma importante ação na área rural do município de

Guajará-Mirim. Trata-se do Ramal do Tigrão que há tempo não era beneficiário com limpeza e patrolamento de seu trecho trafegável.

Foi então que o secretário João Pimentel de Almeida Filho, o João da Pinguim, entrou em ação com sua equipe e máquinas da municipalidade e recuperou o ramal em toda sua extensão onde é permitido o tráfego de veículos, o que facilita sobremaneira o deslocamento e a vida dos brasileiros que ali vivem e lutam pelo pão diário da existência de suas famílias.

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O Ramal do Tigrão hoje é denominado de Ramal Alfredo Carneiro e é ligado ao Ramal do Seringueiro, na área territorial da Resex do Rio Ouro Preto.

 

Fonte: Assessoria da SEMOSP

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NOTA. DE PESAR 

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Com profundo pesar, lamento informar o falecimento de FRANCISCO GOMES DA SILVA, ocorrido hoje na Capital, Porto Velho.

O corpo está sendo transladado para Guajará-Mirim e o velório será definido pela família o local, assim como o dia e horário do sepultamento.

Chiquinho, como era conhecido popularmente, era servidor estatutário da Câmara Municipal de Guajará-Mirim e quando fui presidente da Casa sempre o tive como um servidor prestativo, honesto e cumpridor de seus deveres funcionais.

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Aos familiares e amigos, em meu nome pessoal e em nome de minha família, apresento sinceras condolências e rogo a Deus que lhe dê um merecido descanso no Reino Eterno.

Descanse em paz, Chiquinho!

Guajara-Mirim, 08 de maio de 2024.

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FÁBIO GARCIA DE OLIVEIRA

NETINHO

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Ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Guajará-Mirim.

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Vítima de explosão em apartamento morre após duas semanas internada em Porto Velho

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Vanessa Barros, de 38 anos, morreu na segunda-feira (6) depois de passar duas semanas internada em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). A mulher teve 100% do corpo atingido por uma explosão que aconteceu em um apartamento na zona Sul de Porto Velho (veja vítima abaixo). Segundo o Corpo de Bombeiros, um vazamento na tubulação de gás causou a explosão.

 

 

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A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) de Rondônia informou ao g1 que Vanessa parou de responder aos tratamentos médicos e não resistiu às consequências das “extensas queimaduras”. Ela estava internada no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro em Porto Velho.

 

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Há uma semana, a Sesau informou ao g1 que a paciente tinha iniciado o tratamento de hemodiálise por conta das complicações das queimaduras extensas — que levam, de médio a longo prazo, à insuficiência renal — e seguia em estado considerado gravíssimo.

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O filho de Vanessa, de 20 anos, também ficou ferido na explosão e foi internado no Hospital João Paulo II, em Porto Velho. Segundo a Sesau, ele recebeu alta hospitalar na segunda-feira (6) e encontra-se estável.

Relembre a explosão

O acidente aconteceu no dia 23 de abril em um apartamento localizado no 3º andar de um dos prédios de um condomínio no bairro Novo Horizonte, na zona Sul de Porto Velho.

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Fonte:G1Ro

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